domingo, 18 de julho de 2010

Sobre meninas(os), zebras e andróginos.

Foi se o tempo onde se vestir de maneira pouco convencional atraia a atenção e provocava grandes reações alheias, no entanto fico pasmem que um homem que resolva passear na mais importante avenida, da grande e cinzenta terra dos bandeirantes, vestido com um taileur de zebra, passe praticamente ignorado pela população.
Não é de se estranhar... ja houve tempo em que os meninos se vestiam como o pai, e não como a figura materna. Entretanto, quando a sociedade passa a admirar artistas de 16 anos, com caracteristicas que impedem de diferenciar seu genero (vide o blog que comprova a semelhança entre Justin Bieber e lésbicas http://lesbianswholooklikejustinbieber.tumblr.com/), é completamente normal que um tomara-que-caia de lycra e estampa de zebra, possa ser uma peça do vestuario masculino (primeiro foram as calças skinny, depois as camisas agarradinhas de gola "V", e agora, lançei moda, usaremos tomara-que-caia masculino).
Sim, defendo um homem um pouco mais hirsuto, com menos escova e chapinha, com menos roupa colorida e apertada. Tento agora explicar a preferencia atual das mulheres por homens andróginos, ou melhor reproduzo a fala de Platão, somado a alguns clichês que ouvimos.
O clichê é culpar a "pós-modernidade", mas oras, se os movimentos feministas (ao mesmo tempo um fruto e uma característica do que chamamos de civilização pós-moderna) não tivessem ocorrido, e as mulheres não adquirissem liberdade política e sexual, não haveria uma possibilidade de mudança tão brusca nos padrões de beleza masculino.
Em "O banquete", ao discutir as origems do amor, Platão sob a figura de Aristófanes, nos expõe o mito do andrógino; No início a humanidade possuia tres sexos, são eles: "andros", "gynos" e "androgynos". Todos eles, criaturas com duas cabeças e dois pares de membros superiores e inferiores. Por serem poderosos demais, em semelhança aos hecatônquiros, os deuses cortaram-nos ao meio; os do tipo andros e gynos, foram separados em dois generos iguais, um masculino e um feminino, respectivamente. Ja com os androgynos, por sua caracteristica dual, tiveram uma metade identica a andros e outra identica a gynos. Desde então, a humanidade é dividida e busca encontrar sua outra parte. Andros busca andros, gynos busca gynos, mas há também um andros que busca gynos e um gynos que busca andros (os antigos androgynos); Assim é explicada a homossexualidade (andros e gynos) e a heterossexualidade (androgynos).
A revolução feminista, em certo aspecto, fez confundir o papel da mulher e do homem, papel criado socialmente além da obvia diferença fundamental e inerente a espécies dióicas. Não mais se deseja ser gynos ou andros, queremos o melhor dos dois mundos, valorizamos a figura do androgynos, de ser simultaneamente ying e yang, de ser os dois lados da moeda; Mas há algo de bom nesta confusão: os homens podem usar taileur de zebra com mais tranquilidade.

5 comentários:

  1. nunca pensei sobre esse ponto de vista sempre achei que todo mundo desde o começo sempre teve um pouco de viadagem em seus corpos por isso essa moda e esse gosto por querer ser sempre o oposto que foi determinado a você, mas em certos pontos de sua tese levantada a uma divergência, a tal experiencia de que se é citada ocorreu de fato com você? porque se ocorreu sinto que tem como eu, um pouco de viadagem em si, mas como já disse todos tendemos a procurar o estranho e colocar em evidencia.
    espero que ser normal não seja um dia estranho, e que possa de fato termos um mundo normal.
    Jorge esse blog só não é mais tão maravilhoso pq vc ainda não psotou nada sobre a teoria das garças azuis! beijosmill

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  2. Quero que tu segures a bronca agora.

    Foi se o tempo onde se vestir de maneira pouco convencional atraia a atenção e provocava grandes reações alheias, no entanto fico pasmem que um homem que resolva passear na mais importante avenida, da grande e cinzenta terra dos bandeirantes, vestido com um taileur de zebra, passe praticamente ignorado pela população.
    Bom, para começar, desde quando aquilo que você chama de "mais importante avenida" é de fato a "mais importante avenida". Isto é, qual é a importância dela enquanto representante do senso comum paulistano? A cidade de São Paulo tem 49 mil logradouros. O IDH nos Jardins é de 0,957, enquanto no Marsilac é de 0,747. No primeiro moram 83667 pessoas de renda média R$ 5.144,03; no segundo 102836 de renda média R$ 602,71. A resposta à atitude de se andar de taileur de zebra na Avenida Paulista, pois, não pode ser generalizada (uma análise desse gênero enviezaria os resultados numa direção classista).
    Enquanto estou na Avenida Paulista de cabelo colorido as pessoas apenas me olham, forçando uma imagem blasé que não é nada complicada, já que a vida moderna as impede de responder a todos os possíveis estímulos que as ultrapassam. [E, convenhamos, a Avenida Paulista é um polo cultural e pluralista (no que tange àqueles que a frequentam) importante em São Paulo.] Agora, da minha casa até a Avenida Paulista não se pode esperar menos do que olhares dotados de sentido explícito (paranoicamente) ou manifestações de desrespeito à privacidade ocasionais. Eu sinto isso na pele.
    Vestir-se de maneira pouco convencional sempre chamará atenção, até o vestir-se de maneira pouco convencional passe a se integrar na convenção.


    Não é de se estranhar... ja houve tempo em que os meninos se vestiam como o pai, e não como a figura materna. Entretanto, quando a sociedade passa a admirar artistas de 16 anos, com caracteristicas que impedem de diferenciar seu genero (...), é completamente normal que um tomara-que-caia de lycra e estampa de zebra, possa ser uma peça do vestuario masculino (primeiro foram as calças skinny, depois as camisas agarradinhas de gola "V", e agora, lançei moda, usaremos tomara-que-caia masculino).
    As crianças deixaram de se vestir iguais aos pais depois da invenção da infância. Mas nunca se vestiram como seres andróginos. Vou considerar esta análise como uma piada, afinal, a rigor, artistas de sexualidade inclassificável raramente foram admirados pela sociedade, e quando o foram, se tratava apenas de uma elite consumindo a pretensa avant-garde -vide Dzi Croquettes. Ney Matogrosso sempre foi homem; a década de 80s tem figuras importantes no que tange à revolução sexual e à emergência de uma cultura gay, mas com personagens bem delimitadas por uma sexualidade estrita; as bandas emo são compostas em sua maioria por homens heterossexuais; Justin Bieber é menino; Lady GaGa é mulher (a orientação sexual são outros quinhentos).
    Em relação à moda, o fato de que existem novas peças de roupa (masculinas como blusa de gola "V" ou femininas como um taileur) que supostamente mesclam os gêneros não significa que elas sejam unissex: os homens não estão se tornando menos homens por usar uma calça skinny, e sim a moda está ficando mais flexível.

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  3. Sim, defendo um homem um pouco mais hirsuto, com menos escova e chapinha, com menos roupa colorida e apertada.
    Queria que você defendesse o seu ponto de vista.


    Tento agora explicar a preferencia atual das mulheres por homens andróginos, ou melhor reproduzo a fala de Platão, somado a alguns clichês que ouvimos.
    D:


    O clichê é culpar a "pós-modernidade", mas oras, se os movimentos feministas (ao mesmo tempo um fruto e uma característica do que chamamos de civilização pós-moderna) não tivessem ocorrido, e as mulheres não adquirissem liberdade política e sexual, não haveria uma possibilidade de mudança tão brusca nos padrões de beleza masculino.
    1º, eu colocaria um "relativa" entre "adquirissem" e "liberdade".
    2º, não acho que a "liberação" feminina acompanha tão estreitamente alguma "liberação" nas possibilidades de mudança nos padrões de beleza masculinos.
    (i) Em uma sociedade tão patriarcal e machista como a grega as mulheres tinham direitos superreduzidos em relação aos homens, mas em contrapartida estes eram livres para realizar relações sexuais homossexuais (dentro, claro, de limites estritos, que envolvem faixa etária e classe). Os homens eram mais liberais que as mulheres, e historicamente se tornaram menos liberais sem que a mulher mudasse sua posição na sociedade.
    (ii) Acredito que o movimento de liberação sexual iniciado pelas mulheres transcende a proposta inicial destas. Os hippies, o orgulho-gay etc, foram tão importantes para a liberação sexual como o feminismo (o fato de o sistema capitalista considerar e se apropriar dessas ideologias indica o quão importantes esses movimentos sociais foram).


    A revolução feminista, em certo aspecto, fez confundir o papel da mulher e do homem, papel criado socialmente além da obvia diferença fundamental e inerente a espécies dióicas.
    Fez?


    Não mais se deseja ser gynos ou andros, queremos o melhor dos dois mundos, valorizamos a figura do androgynos, de ser simultaneamente ying e yang, de ser os dois lados da moeda; Mas há algo de bom nesta confusão: os homens podem usar taileur de zebra com mais tranquilidade.
    Dé, meu amor, a figura do andrógino, para mim, é vista ainda socialmente como uma aberração: compõe uma minoria a qual é escurraçada em uma sociedade padronizadora (plus conservadora) como a nossa. Entendo contudo que os resultados da liberação sexual são palpáveis. Nós podemos andar na Avenida Paulista de taileur de zebra, eu ainda não fui morto por ter cabelo colorido, mas ainda estamos sujeitos a manifestações alheias de desrespeito em relação a nós caso estejamos fora do padrão. Tais manifestações acompanham o movimento do conservadorismo.


    Gostei do texto Dézóca. Achei a explicação do mito de andrógino competentíssima. Tá cada vez melhor! ^^
    Beijão!!!!

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  4. Ah só o bunito aqui quer comentar hein... faz um blog pô! ahsuahushaushuas
    enfim dedé eu achei muito interessante o seu ponto de vista e blablabla, mas eu vou falar agora sobre a androgenia [não sei se é a mesma coisa que vc tá falando ae]sobre um ponto de vista mais relativo com a moda, a graça do ser androgeno é a estranheza que ela causa nas pessoas, é o ser diferente, é o feio se tornar o atrativo diferencial nas pessoas seja isso andar de tomara que caia masculino [Oo], ou andar totalmente aprumado em um lugar onde as pessoas andam mulambentas e sujas, eu diria até que é um dos meus estilos preferidos, onde vc aprende a admirar o que há de pior no outro, sem medo do convencional, o lance é chamar atenção sem querer, e se vivemos hj em uma sociedade que glorifica garotos com calças lamê um nº menor que seu manequim, cabelos chapados e maquiagem, o androgeno então seria o ser que anda "normal", sim ele que causa a estranheza nesses ambiente, ninguem se tatuaria com um cara que não tivesse ao menos uma tatuagem, e assim por diante, ah é isso, eu sei que o que ue falei não tem nada a ver com o seu post, mas só pra mostrar o ponto de vista fashion do assunto!!
    bjinhos dedé!!!

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  5. obrigado srta. Alice, comprarei uma calça lamê um numero menor que o meu, ficarei fashion!

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